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Ao reunir contos que tratam das emoções e contradições humanas, Solange oferece um livro comovente e original. Como poeta, envereda pelo gênero de contos de forma leve e densa, ao mesmo tempo, fazendo o leitor ser capaz de sentir o que os personagens vivenciam, e transmite veracidade e ternura ao leitor.
Emotiva, passional e observadora, a autora escreve sobre a jornada humana pelas emoções e suas contradições, encontros e desencontros, ausências e descobertas, amores que se sucedem à beira dos incêndios e redenções que acendem a esperança.
Com a tônica de uma prosa poética, a autora aborda com sensibilidade o que o amor tem de oblíquo e miragem, ilusão. E traduz a caligrafia dos corpos, a nudez como arma dos amantes, o combate travado pelos apaixonados e seus antagonistas, e como eles podem se conjugar na parábola da vida, em sua impermanência.
O resultado é um livro tocante e, por vezes, dramático, pois as palavras expõem mais do que a nudez dos amantes, como no trecho: “Ele é um homem gentil com os canteiros. Suas mãos sobem e descem, suaves, sabem procurar tenras raízes como a dizer que quer abraçá-las dentro de si para que floresçam. Miguel entende de sementes, do que está enraizado e invisivelmente cresce, do que sobrevive sem explicação, do que recomeça sem trégua. Como recusar aquelas mãos prontas para a carícia mesmo que não fosse o tempo da colheita?”
Não há como o leitor, seja ele homem ou mulher, ficar indiferente ao que se passa, e fazer desta leitura um momento de prazer poético, envolvido pelas imagens literárias tão bem construídas e contadas pela autora.