A partir de três lentes - o jogo, o ritual e o teatro - este livro analisa o Tribunal do Júri como um "círculo mágico" em que mortes violentas são julgadas por cidadãos comuns. Os melodramas da vida cotidiana nele encenados não se resumem à condenação ou à absolvição do acusado: elaboram destinos trágicos, relações interpessoais e intergupais, amor e traição, passado e presente, poder e autoridade, respeito e obediência. Com base em etnografias de várias sessões de julgamentos ocorridos na cidade de São Paulo, a autora demonstra a importância de um sistema de crenças para a compreensão de dinâmicas sociais que seriam opacas sem personagens e histórias que lhes desses sentido, sem fabulação. Que características tornam o rito do Tribunal do Júri uma encenação tão particular? Essa é uma das questões que o livro procura responder.