Adolfo Caminha

A competente biografia que Sânzio de Azevedo publicou em Fortaleza, pela Casa de José de Alencar, vale como resgate do Adolfo Caminha inventivo, vigoroso e ousado.

Nos amplos espaços do sutil ignorado o jovem Adolfo Caminha marcaria presença. E é exatamente isso que Sânzio assinala com rara precisão no seu livro admirável, escrito com o carinho de quem se utiliza das boas técnicas de dramaturgia na reconstrução do personagem, inquieto e impulsivo, como se pressentisse que, aos trinta anos incompletos, interromperia definitivamente suas atividades, vítima que foi da tuberculose.

A obra de Sânzio de Azevedo, painel da glória e da tragédia pessoal de Adolfo Caminha, é coisa de amor, elaborada com emoção. Lendo-a, pude reencontrar o autor que resiste a tantas interpretações, e nela ressurge de corpo inteiro. Não se trata de uma biografia romanceada, como está na moda. O cuidadoso estudo de Sânzio é de tal forma enxuto e abrangente que chega a ser didático. Coisa de mestre, que sabe fazer uso das palavras.